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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Um ano sem o Mestre Verequete


Um corpo franzino, que levava na pele as expressões de dificuldades e sofrimentos enfrentados durante os seus 93 anos de vida. Uma maneira simples e até tímida de falar, mas que mudava completamente quando ele estava em seu “habitat natural”, a roda de carimbó. Esse era o Mestre Verequete, um ícone da música e da cultura paraense.
Na última quarta-feira (03), o artista completou um ano de falecido e parece que junto com ele, suas obras e toda a sua contribuição para a nossa história, também foram enterrados.
Familiares, amigos e fãs se reuniram na noite de ontem, na Paróquia de Santa Luzia, em Belém, para uma missa em homenagem a Verequete. “Não tinham muitas pessoas, só quem era mais próximo mesmo”, comentou a filha caçula, Lucimar Rodrigues.
No altar, foram ofertados objetos que faziam parte do cotidiano e da história do Mestre. “Colocamos o chapéu que ele usava; um quadro com a foto dele; a imagem de São Benedito, que era o seu protetor; e um kit que foi lançado com DVD, CD e partituras”, contou Lucimar.
No final, todos cantaram juntos um dos maiores sucessos do artista, “O Carimbó Não Morreu”. “Depois, no galpão da própria igreja, nós fizemos uma roda de carimbó e todos nós cantamos e dançamos juntos”, disse.
Mas, segundo a filha, além da dor da perda, a família ainda enfrenta a dor do esquecimento. “Ninguém se prontificou a nos ajudar depois que o meu pai faleceu. A pensão que ele recebia foi cancelada, minha mãe ficou desamparada, e nós estamos tendo que viver de ‘bicos’, com muitas dificuldades”, lamentou.
Todo o material deixado pelo Mestre Verequete está armazenado no seu próprio quarto, na casa onde morava, sem nenhum cuidado especial para evitar a deterioração. “Nós mesmos preparamos o espaço, arrumamos tudo e pintamos”, disse Lucimar.
A filha contou que ainda foi discutida a possibilidade de ser montado, pelo Governo do Estado, um local apropriado, mas que não passou de projeto. “Ainda teríamos que vender tudo e nós não queremos isso”, ressaltou.
Quem tiver interesse em conhecer o acervo pode ir até a casa do Mestre Verequete, que fica localizada na rua dos Timbiras, 173, casa 09, entre Breves e Estrada Nova, no bairro do Jurunas.
“Apenas tem que ligar e marcar um horário, para que tenha alguém aqui em casa esperando”, explicou Lucimar. O telefone de contato é 3272-5364.
Um valor simbólico, mas ainda indefinido, será cobrado pela visita. “Essa é uma maneira que temos de obter renda para manter o espaço”, disse a filha.

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