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WebTV Coisas De Negro live

sábado, 22 de outubro de 2011

MUNdé quLTural no Rock Rio Guamá / 2011 - UFPa





 >>>em plena margem do Rio Guamá...o grupo Mundé Qultural trará sua "chegança cabocla" ...com seus batuqes...suas guitarras incendiárias...suas letras imagéticas...sua "ANDADA"...em um lugar perfeito cheio de gente bonita e de atitude...
>>>"dança negro ...negro de aruanda mostra tua raça, teu saber, tua demanda"...

 
>>>NÃO PERCA!!! Dia 26 de outubro de 2011>>> na UFPa... 
O grupo MUNDÉ QULTURAL estará NO ROCK RIO GUAMÁ APARTIR DAS 22H..
chega junto é de grátis>>>
dá uma olhada na programação do evento>>>
quem fará parte dessa festa também é o DJ CURY PEDRA  (27/10)..representando o reggae e o projeto REGGAE É CULTURA...
maiores informações: facebook / Rock Rio Guamá

curupiraantenado.wordpress.com

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mundé Qultural na Black Soul Samba


O batuque de Icoaraci


Sexta-Feira, 07/10/2011, 03:47:32

Existe o pau e corda, mas também existe a guitarra. Existe o carimbó, mas também tem o retumbão, o samba-de-cacete, o semambê, lundu, mazurka, aguerê. Experimentações sonoras e variações harmônicas dão vida ao grupo Mundé Qultural, que hoje, leva o brilho e batidas de sua música independente ao palco na Black Soul Samba, no bar Palafita.
Vindo de Icoaraci, o grupo nasceu no cenário do Espaço Cultural Coisas de Negro, em 2003. Sua principal atuação é criar novas maneiras de se fazer e pensar a música independente e autoral, através de ritmos que tem como base o curimbó, famoso tambor feito de tronco escavado e encourado em uma das extremidades, tocado com as mãos espalmadas (slaps), alinhado a uma cozinha de percussão com caixa, caixa de marabaixo, bongô, pratos, pandeiro e efeitos sonoros, como apitos, sons orgânicos que semiotizam a natureza.
De acordo com Clever dos Santos, um dos fundadores do grupo, a harmonização do grupo é conduzida por cordas: como a guitarra, guitarra baiana (pau – elétrico) e baixo elétrico, o que “possibilita ao ouvinte uma sonoridade única de guitarra, mais baixo, mais bateria, mais vozes”, explica. Segundo ele, as letras autorais do Mundé “possuem um poder imagético as quais traduzem atmosferas ambientais de mata e personagens da vida real - não alheios - ao nosso mundo como postais vivos do cotidiano caboclo, ribeirinho, suas crenças, suas lendas, seus costumes, suas tecnologias”.
“Esperamos que o público goste e prestigie o som. É certo que a sonoridade do grupo se torna cada vez mais poderosa, todos perceberão elementos do reggae e samba de cacete em músicas como ‘Chegança Cabocla’, ‘Tambor’ e ‘Capitão do Mato’”, diz Nego Ray, vocalista e compositor do Mundé Qultural.
Clever também explica que o “q” no nome do grupo, é uma forma gráfica de interferir no que é natural. Para ele “a nossa maior riqueza, a diversidade cultural, é como pólen que se desprega das flores, flutua, dança nas mãos do vento e que ninguém pode prever o alcance de sua fecundação, pois nosso Mundé é Qultural”.
O nome Mundé ou Mondé, vem da tribo tupi que habita as margens do Alto Rio Machado, em Rondônia, e pertence ao corredor etnoambiental mondé – kwuriba ou caribe. Mundé é ainda a palavra do tupy “local onde os homens se encontram pra fazer instrumentos de caça e pesca e falar sobre o dia”. Mundé é também o nome dado a uma armadilha para caçar pequenos animais, feita de cipó e vara a qual é dito que “quando não mata, aleija.”
O GRUPO
Nego Ray - composição, curimbó, pandeiro e voz
Welton Ferreira - percuteria
Clever dos Santos - maracás, efeitos sonoros e voz
Ney Lima - curimbó, pandeiro e voz
Luizinho Lins - guitarra baiana e voz
Jorge Furtado - guitarra, voz
Anderson Salgado - baixo elétrico
PARTICIPE
Mundé Qultural na Black Soul Samba. Hoje, às 21h, no Bar Palafita (Rua Siqueira Mendes, Cidade Velha, ao lado do Píer das 11 Janelas). Ingresso: R$10 (as primeiras 50 pessoas pagam a metade). Informações: 8413-0861. (Diário do Pará)

sábado, 1 de outubro de 2011

Uma mão a mestre Bento


Mestre Bento virou outra pessoa desde que foi internado em agosto de 2011. Quase não conversa, emagreceu. Deixou de caminhar pelas ruas de Marapanim (PA), visitar os amigos, de cuidar de seu carimbó - a coisa que ele mais gosta de fazer na vida. No dia 1º de agosto de 2011, ele deu início a uma série de internações que passariam a ser uma constante. Na primeira vez, os problemas de saúde lhe valeriam 17 dias no hospital. Esta semana, o diagnóstico de tuberculose, já beirando o câncer de pulmão, não deixou dúvidas aos médicos que o internaram na quarta-feira, dia 28. Mas a aposentadoria como trabalhador rural não dá conta dos custos de tratamento, necessários para garantir o retorno do mestre ao seu cotidiano de possibilidades. A família e os amigos começaram uma movimentação pela internet para arrecadar fundos para o tratamento desse mestre, que foi um dos primeiros líderes da campanha de reconhecimento do carimbó como patrimônio imaterial brasileiro. Bento da Trindade Alves tem 84 anos e criou em 1993 o grupo de carimbó “Raízes da Terra”, na ativa até hoje. É o resultado da personalidade de um garoto ‘agoniado’, sempre se envolvendo na cena cultural da cidade.
“Desde os 15 anos de idade ele já gostava dessas coisas, participou de grupos de boi-bumbá, de cordão de pássaro, até que criou o ‘Raízes da Terra’ e ficou só se dedicando a isso”, lembra a filha Zuleide, 40, a mais nova dos cinco rebentos do mestre. É ela quem assumiu as tarefas antes realizadas pelo pai. Dividida entre o hospital e os afazeres ligados ao “Raízes da Terra”, ela tenta reconhecer a imagem paterna na figura deitada na cama, completamente transformada pelas doenças pulmonares.
“Ele tá muito debilitado, emagreceu, conversa pouco, fica quieto. Ele estava bem forte, agora não deve estar nem com 40 quilos. Antigamente ele era uma pessoa alegre, conversava, caminhava bastante, ficava cuidando do carimbó dele. Ele fica me perguntando se estou fazendo as coisas, se estou fazendo direito”, diz Zuleide. A agonia de seu Bento em não poder fazer nada, fica ainda maior com a proximidade do Festival de Carimbó de Marapanim. O evento será realizado entre os dias 2 e 4 de dezembro e homenageará o mestre, autor de composições como “Água da chuva no mar”. No Festival, aliás, Mestre Bento terá a composição “Artesanato” como concorrente no Prêmio de Música de Carimbó Raiz.
“Ele é uma pessoa que gosta de participar, ajudar. E ele não está podendo fazer nada disso. Eu digo pra ele: pai, você tem que reagir, se você não reagir, você não vai poder fazer essas coisas”, lembra Zuleide, que junto com os irmãos faz questão de preservar todos os trabalhos do pai. “Ele tem um livro com todas as músicas dele, nós faz questão que ele escreva as músicas dele. Ele tem pra mais de 50 composições”, garante a filha do criador do grupo de carimbó Raízes da Terra. O grupo surgiu em 1993 e continua na ativa até hoje.
O coordenador da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, Isaac Loureiro, tenta organizar um show beneficente no próximo dia 19 de outubro, no Teatro Gasômetro em Belém. Já há artistas confirmados para o espetáculo musical, que deve reunir Alcyr Guimarães, Lucinnha Bastos, Júnior Soares, Allan Carvalho, Dona Onete, entre outros convidados, que vão participar voluntariamente da ação.
“Devem ter também grupo de carimbó de Belém e Marapanim. A proposta é fazer um show em 19 de outubro. O ofício já foi encaminhado para o órgão e estamos esperando confirmação. Ainda não se estabeleceu o preço dos ingressos, mas vai ser acessível, entre 10 e 20 reais”, adianta Isaac.
Além de levantar verba para financiar o tratamento de Mestre Bento, a ideia do show é também reacender o diálogo sobre as condições de sobrevivência dos mestres de cultura do Pará. “Ele não será o primeiro e nem o último a passar por uma situação desses. Queremos levantar a discussão dos nossos mestres terem uma pensão específica”, diz Loureiro.
Segundo Isaac, em 2009, foi iniciado um debate com o governo estadual para a criação da “Lei de Tesouros Humanos”. A Lei prevê a instalação de editais de seleção e premiação de mestres e grupos de carimbó. Com ela, os mestres teriam um auxílio mensal e vitalício de no mínimo um salário mínimo; e os grupos, selecionados anualmente por edital, receberiam uma ajuda de custo em única parcela de no mínimo dez salários mínimos. A proposta acabou não indo adiante e, com a mudança de governo, Isaac Loureiro espera reativar a mobilização.
Enquanto as ações em prol dos mestres de nossa cultura popular não ganham concretude, a família de Mestre Bento aceita doações para custear o tratamento. Quem quiser ou puder contribuir, pode depositar qualquer quantia, um auxílio para um dos grandes Mestres do nosso ritmo mais típico.
Ele que, além de ser reconhecido como líder comunitário e memória viva da cultura marapaniense, recebeu em 2008 e 2009 o Prêmio Culturas Populares da Secretaria da Identidade e da Diversidade do Ministério da Cultura. Foi agraciado também com o Prêmio Maestro Adelermo Matos de Cultura Popular, promovido pela Secretaria da Cultura do Pará (Secult). Agora em 2011, Bento da Trindade Alves tenta recuperar a saúde e a rotina. (Diário do Pará)